Há muitos anos atrás, decidi ir para o Canadá, para aperfeiçoar o inglês.
Houve aquele habitual planejamento, um ano antes. Consegui ficar dois meses, apesar de ter direito há um mês de férias, consegui mais um mês adiantado.
Eu havia lido e comprovei ao vivo, que Toronto era uma cidade multicultural e até hoje, metade da população não é canadense.
Primeiro dia de aula, estava há 30 minutos de “downtown”, de metrô. Nesta meia hora, pude observar muitas pessoas de vários países entrarem e saírem do metrô.
Uma destas pessoas, me chamou atenção.
Um rapaz jovem, piercing, brinco, skate na mão, mochila nas costas, cara fechada e aquela barba longa que me lembrou, algum terrorista.
Ele entrou no metrô, ficou em pé, olhava de um lado para o outro, agitado.
Logo em seguida, sentou, continuou a olhar para os dois lados, sem parar e desta vez, olhando para dentro de sua mochila.
De repente, colocou a mão na mochila, e eu começando a pensar que não vinha coisa boa ali de dentro daquela mochila, até uma bomba, só pensei que ia dar m…a.
E então ele tirou da mochila………………………………..um livro – que logo começou a ler.
Dois pensamentos vieram à minha mente.
Primeiro foi o tamanho do meu preconceito, ou melhor pré-conceito, pois logo que o vi já construí uma imagem , e o julguei por sua aparência.
O outro detalhe, foi ver um jovem ler.
É muito difícil, qualquer um de nós, ver adolescentes com livros na mão, em nosso país e para ser bem franco, adultos também.
Lições aprendidas, vindas de um jovem leitor.
Até breve.
Marcelo Severich